Muitos estudiosos da literatura, sobretudo no séc. XX, já se esforçaram em teorizar sobre o romance. Apesar disso, a maioria dos trabalhos que se dedicaram a essa tarefa “limitam-se a recensear e a descrever o maior número possível de suas variantes, mas não (conseguiram) chegar a uma síntese teórica do romance enquanto gênero”. A multiplicação de tentativas de se teorizar sobre esse gênero e os resultados obtidos são apenas alguns dos indícios que apontam para a sua singularidade. Sua natureza está diretamente relacionada ao seu constante estado de evolução e à sua não submissão aos cânones: o romance está liberto de tudo o que é considerado convencional.
O romance não é apenas um gênero entre muitos existentes, “ele é o único nascido e alimentado pela era moderna da história mundial, e por isso, profundamente aparentado a ela”, o que signifca dizer, em outras palavras, que ele refete substancialmente a evolução da própria realidade. Porque está em constante evolução, ele abarca uma diversa gama de estilos e temas, e é justamente sua pluralidade e instabilidade que fazem dele um gênero natureza especialmente interessante.
Todo romance contém um saber que já circula no mundo e, ao mesmo tempo, também é fonte de um saber que, a partir da sua gênese, torna-se circulante. Ao ler um romance, o aluno entra em contato com essas duas formas de saber, o que o torna conhecedor de novas perspectivas da realidade – possivelmente não conhecidas anteriormente por ele – que, ao interagirem com o seu conhecimento de mundo, fazem surgir uma dimensão transformadora da narrativa. Assim, o contato com esse gênero pode gerar um impacto não só sobre a capacidade do leitor ler um romance específco que eventualmente estiver em suas mãos, mas também sobre a sua capacidade de inserção diferenciada na realidade mais ampla.
A atividade de leitura do romance vai além da abertura de novas perspectivas porque suscita uma relação direta com as suas experiências, que são também fundamentais no processo de recepção do texto. Uma vez que cada indivíduo traz para o contexto escolar experiências singulares, o trabalho com a leitura do romance, sobretudo se for realizado de modo compartilhado, possibilita a discussão sobre as múltiplas formas de apreensão do conteúdo nele expresso. Dessa maneira, são estabelecidas relações não só entre os leitores, mas entre os leitores, o autor, o texto e a realidade cuja força está no conteúdo do que é narrado.
In Orientações Pedagógicas SEEDUC RJ - 4º Bimestre 1º Ciclo
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